quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Mais de R$ 588 milhões podem ter sido repassados irregularmente nas eleições


Caso de maior ocorrência foi de fornecedores de campanha que possuem em seu quadro de sócios pessoas que recebem Bolsa Família e/ou auxílio emergencial


65.303 doadores provavelmente não têm capacidade financeira |
Foto: Daniel Isaia / Agência Brasil
Por GABRIEL MORAES
25/11/20 - 09h45
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Um levantamento feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por meio do Núcleo de Inteligência da Justiça Eleitoral, encontrou indícios de irregularidades em doações e fornecimentos para as campanhas eleitorais municipais deste ano que ultrapassam R$ 588 milhões. Os dados foram apurados até a última segunda-feira (23).

O caso mais recorrente foi de fornecedores de campanha que possuem em seu quadro de sócios pessoas que recebem Bolsa Família e/ou auxílio emergencial. Foram 31.725 situações, que somam R$ 386 milhões de doações.

Em segundo lugar nesse ranking, foram encontrados 7.985 fornecedores com empresas recentemente criadas cujo quadro societário é composto por pessoas filiadas a partidos político. Nesse quesito, foram R$ 68,7 milhões em gastos contratados com essas empresas.


Ainda de acordo com o TSE, foram localizados 65.303 doadores de campanha que provavelmente não têm capacidade financeira para tal repasse. Ao todo, essas possíveis irregularidades envolvem R$ 54 milhões, conforme declarado por candidatos e partidos à Justiça Eleitoral nas respectivas prestações de contas.

Os valores das doações realizadas por pessoas sem emprego formal registrados somam mais de R$ 44 milhões e envolvem 12.437 doadores. Em seguida, aparecem 2.751 doadores com renda incompatível com o valor doado – as doações realizadas por essas pessoas ultrapassam R$ 23 milhões.

Também foram encontrados 5.603 prestadores de serviço que têm parentesco com candidatos e que receberam um total de R$ 7,3 milhões, e 24 doadores no Sistema de Controle de Óbitos (Sisobi) que aparecem como doadores de uma quantia total de R$ 36.194,50.

Esse trabalho de identificação de indícios de irregularidades envolve, além do TSE, outros seis órgãos federais: Receita Federal do Brasil (RFB), Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Ministério Público Eleitoral (MPE), Departamento de Polícia Federal (DPF), Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério da Cidadania (MC).

Segundo o TSE, os resultados já foram encaminhados aos tribunais e cartórios eleitorais como informação de inteligência e direcionamento da fiscalização das contas. Além disso, foram também compartilhados com os parceiros institucionais do TSE no Núcleo de Inteligência para atuação em sua área de competência.

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